Deus não existe. Deus é. O que existe vem do que é.
Deus é. Eu existo. O que existe e sabe que existe, deveria saber que vem do
Daquele que é. De fato, deveria pelo menos intuir que Dele se deriva.
Entretanto, não tem como provar para outros que Aquele que é, existe; visto que
Aquele que é, só é porque não existe como existente entre os que existem; pois,
se assim fosse, Ele não seria, mas apenas existiria; e por isso, apenas seria.
O que existe -, primeiro se torna existente, para então ser. O que é, porque é,
é; e cria o que existe. Assim, o que existe sabe de si e pode
conhecer Aquele é, mas não tem como prová-Lo a outros que apenas existem,
pois, Aquele que é não habita a existência como objeto de
prova.
Então, discutir a existência de Deus seria
algo tão fútil e pálido quanto discutir se você existe.
Quem olha para você e diz que você não existe,
equivale àquele que olha para a Criação, para si mesmo, e para tudo o que a
Existência implica, e não vê Deus.
Deus é, mas a criação existe. E existe maior do que
qualquer indivíduo existente. Portanto, aquele que olha para o Existente Criado
(Cosmos) e nada vê e nada sente, é como aquele que fica diante de você e
convoca uma conferência para decidir se você existe ou não.
É loucura? Sim! É! Tanto num caso como no
outro!
Ora, em tal caso, quem assim o fizesse, não estaria
de fato discutindo a sua (tua) existência, mas sim a sua (tua) aceitação ou não
como existente por esse (o individuo discutidor) que se julga o validador do
que existe ou não existe.
Nesse sentido a gente vê o sentimento que gera o
ateísmo, vestindo-se de antipatia, implicância, raiva, revolta, amargura,
arrogância, vaidade, soberba (ou seja: de supremas burrices!) — no trato com o
próximo. Sim! Há ateus de Deus e há os ateus de homens — os chamaríamos
de a - homens?!
Negar que o próximo exista e seja, é equivalente a
dizer: Deus não é; Deus não existe! — e ainda assim se desviar do individuo que
não existe como se ele existisse.
Sim! Porque
nunca vi um ateu viver até o fim às implicações filosóficas do ateísmo.
Um ateu que se satisfaz com filosofias é um ateu
querente, um ateu crente, e crente do tipo obscurantista, posto que ainda é
capaz de se satisfazer com as lendas de existência da Filosofia.
De fato, direi rapidamente a você como deveria ser
a vida de um ateu engajado e crente (vida curta, porém sincera!):
Um ateu não deve chorar jamais, amar jamais, beijar
com sinceridade jamais; se preocupar com justiça, verdade, carinho, amizade,
amor, e ódio, jamais; e jamais deveria ter ciúmes, e nem se enciumar de nada;
menos ainda se importar com a vida e a morte; e, sob hipótese alguma deveria
ter dor de consciência; e jamais sentir-se devendo nada aos céus, à terra e
menos ainda aos homens; e sem esquecer-se de que tanto faz qualquer coisa,
pois, se não há Deus, não há sentido, não há razão, não há por quê; pois, se não
há Deus, o que quer que pela força ou pela inteligência ou mesmo pela maldade
se fizer impor (caso assim alguém deseje e consiga) — em nada está sendo melhor
ou pior do que qualquer coisa ou qualquer um. Sim! Sem falar que filhos nada
mais são, em tal caso, que o produto de nós e para o nosso melhor uso e
conforto (afinal, somos inteligentes!), não importando o uso.
Sem Deus, com tudo e com nada; e sem sentido para
tudo ou nada; mas, havendo sinceridade, pelo menos levando até as ultimas
conseqüências as implicações de uma existência sem Deus — dever-se-ia abraçar
gelo na alma, sem alma, sem direito a emoção, sem permissão para dançar, sem
licença para amar, sem nada a celebrar ou a chorar; sem chegadas e sem
despedidas; sem berços e sem túmulos; sem nada além de nada; e, em caso de
honestidade maior, abraçando o suicídio como devoção.
Apresente-me esse ateu (ainda que
morto), e o saudarei com respeito. Até mesmo Friedrich Nietzsche não levou seu
ateísmo até às últimas conseqüências, posto serviu-se todas as possibilidades
que somente num mundo com Deus se poderia ter.
Quanto ao mais, quando não são apenas pessoas
sinceramente traumatizadas, os ateus são, em geral, apenas uns vaidosos e
entupidos; e que brincam de ateísmo sem saber nem bem quem são; pois, sabem que
não sabem viver sem as bênçãos de um mundo que (ainda que morrendo) ainda se
levanta para trabalhar e volta para dormir, em razão de que uma leve pulsão de
Deus ainda é aceita como essencial para a vida — inclusive pelo seu amigo,
amante da filosofia, e que vive a vida com muita ordem, sem saber por quê; e sem
nem mesmo achar que existe a necessidade de saber; pois, tal questão não existe
na premissa de seu ateísmo alienado.
Assim, valorize o ateísmo dele e você estará dando
pirulito pro menino!
Não faça isto!
Ele brinca disso. Esse é o joguinho do bichinho.
Não faça isso não. Ele é só grandão, mas é menino. Não se troque com ele. Você
é adulta. Não entre na criancice.
Está na hora delezinho ficar sem a chupeta; e a sem
platéia. Chegou “a hora” dele jogar o “pipo” fora.
Deixe o ateu ser ateu. É assim que é. Até que ele
tenha que deixar de se distrair brincando de ateísmo, e, assim, se dês-trair em
seu próprio engano.
Portanto, toda vez que ele puxar este assunto, diga
a ele pra parar de ser chato que nem um crente chato; desses que ficam enchendo
a paciência dos outros com suas filosofias (doutrinas) e suas insistências
fanáticas.
Quase todo ateu tem grande vocação religiosa,
frustrada ou traumatizada — mas quase sempre tem.
Assim, digo:
Não se preocupe em provar Deus para
ninguém. Seu único discurso sobre Deus é viver Deus com tanta certeza em fé,
que nenhum ateísmo seja sequer por você reconhecido, do mesmo modo que você não
perde tempo provando sua existência para ninguém que vendo não aceite o que vê:
você.
Deus se entende com os crentes, por que não se
entenderia com os ateus?
Fique tranqüila!
Pior do que eles são os que dizem crer. Afinal, até
o diabo crê; e treme. Mas há os que dizem crer, mas que não temem. A esses,
digo: exorte, pregue, e profetize; pois são eles os que de fato fazem mal ao
que Deus chama de verdade entre os homens. Sim! Em geral é por causa destes que
aqueles em existem; ou melhor: se manifestam.
É isto que penso!
Receba meu carinho e minhas orações!
Nele, que é; e pronto!
(Resposta do Caio Fabio a pergunta de uma irmã em seu site. Ela faz as
seguintes perguntas: Como conversar com quem não crê, a respeito da fé? Ou não
devemos conversar sobre Deus com essas pessoas?)
Nenhum comentário:
Postar um comentário