Depois de ser preso, cristão lidera igreja que vive em constante dilema, mas ainda é fonte de refrigério
Em 2007, o cristão Matthew*, da Eritreia, foi pego adorando fora de uma das três igrejas aprovadas pelo estado (ortodoxa, católica e luterana). “Era um domingo e, de repente, fomos rodeados pela polícia. Primeiro, fomos levados à delegacia de polícia mais próxima; depois, para outra prisão, onde ficamos por 40 dias. Então me levaram para um quartel de treinamento militar”, conta. Na Eritreia há dois tipos de acampamento militar: um que é simultâneo ao último ano de ensino médio e outro para onde são levadas as pessoas pegas na rua, como cristãos que são pegos em igrejas domésticas. Você nunca sabe para qual tipo de acampamento será mandado. “Eu acabei no segundo, onde pessoas são punidas por seguir sua religião. Fiquei três meses e meio lá e depois ‘me formei’ – fui enviado a uma divisão militar e recebi um cartão para me locomover. Mas a partir daí comecei a considerar fugir do país”, compartilha Matthew.
Ele explica que quando você “se forma”, pertence ao governo e nunca sabe quando ficará livre da obrigação de servir ao exército e seguir seus próprios planos. “Você nunca sabe quando vai ter fim, é por isso que as pessoas fogem”, complementa o cristão. Ele trabalha com refugiados do Chifre da África há cinco anos e é confrontado com a angústia dos refugiados que querem tentar a sorte em outros países. Tentando a fuga ilegal, através de traficantes de pessoas, eles são expostos a muitos perigos, como serem deixados no deserto para morrer de fome, sequestrados para resgate, abusados ou até mortos para extração de órgãos. As pessoas estão sem esperança e confusas; elas têm muitas perguntas. “Às vezes, como líder, é difícil respondê-las. Você se sente fraco por não poder resolver os problemas das pessoas. Por exemplo, quando um dos membros diz que vai para a Líbia e confessa que toma injeções contraceptivas [por saber que pode ser abusada], você se sente impotente por não poder ajudá-la, nem convencê-la a ficar e esperar pacientemente por uma alternativa”, lamenta-se.
Apesar disso, ele reconhece que a igreja de refugiados tem um grande papel em encorajar e fortalecer os cristãos e afirma: “Ser cristão ajuda muito, pois podemos ver o significado da vida além do que está acontecendo. Nós, cristãos, podemos ver sentido no que está acontecendo porque sabemos que Deus está no controle de tudo e que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam o Senhor e são chamados segundo o seu propósito. Sabemos que Deus usará a situação para nos santificar e encorajar. E essa não é a única esperança que temos, temos esperança eterna”.
Matthew acredita que a igreja será uma grande força para mudar a sociedade. Isso pode ser feito através do treinamento de pastores que levem a igreja a defender a fé e a influenciar a sociedade com valores bíblicos. É para ajudar a cumprir essa visão que a Portas Abertas se empenha, fortalecendo assim a igreja que o próprio Deus está edificando no Chifre da África. Mas nada disso é possível sem a sua contribuição. Doe e faça parte da formação desse oásis no deserto.
*Nome alterado por segurança.
FONTE: https://www.portasabertas.org.br/categoria/noticias/no-chifre-da-africa-igreja-de-refugiados-e-oasis-no-deserto
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