Poucos são os textos
bíblicos com demonstração tão eficaz e revelação surpreendente sobre a leveza
do ser do homem em julgar os erros dos outros sem olhar os seus
próprios do que a passagem sagrada que fala da mulher pega em adultério.
De um lado, nós temos
como pano de fundo da narrativa bíblica a mulher flagrada em ato de pecado. Do
outro, homens “santos” dizem-se desonrados pela conduta pecaminosa da judia
vilã e querem sua morte. A cena histórica configura-se como pedagogia. O Filho
de Deus, escrevendo na areia em silêncio misterioso, resiste aos apelos dos
“santos” para que Ele julgue a atitude da pobre mulher.
Os homens que acusavam a
mulher eram modelos morais. Só que em face da pergunta de Jesus, “quem não tem
pecado, atire a primeira pedra?” a debandada foi geral. Semelhante crítica foi
a do sambista brasileiro que, na década de 90, põe em xeque a moral brasileira:
“Se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão!”
Aqueles homens “santos”
tiveram que enfrentar o fato inexorável que, na maioria das vezes, a indignação
pelo ato errado dos outros, é só uma tentativa de esconder o lado negro das
nossas perversões pessoais. Quase sempre, toda ação revoltosa em querer punir
alguém é uma tentativa de tirar alguma coisa que está nos incomodando. Os
homens da lei foram confrontados por Jesus pelo lado da sua interioridade, pois
Jesus mostra que o desejo de fazer o mesmo que o outro fez é uma realidade
avassaladora na vida do mais honestos. E detalhe: todos nós somos capazes de
fazer pior do que o outro. Por isso o que o outro fez de errado ameaça tanto os
que gostariam de ter feito ou aqueles que continuam fazendo.
O comportamento de alguns irmãos e irmãs envolvidos em escândalos é a mais pura evidência de que usamos várias máscaras para
ocultarmos o nosso verdadeiro rosto.
Soli Deo Gloria
Pastor Flavio Constantino
Nenhum comentário:
Postar um comentário