Dâmocles era um súdito da corte do rei Dionísio, que
administrava o reino sem contestações. Seu poder era absoluto e sua palavra, a
lei. Vangloriava-se de ser todo-poderoso e vivia submerso nas delícias e
vantagens do poder. Sempre que podia, Dâmocles expressava seu sonho de um dia
poder ter à mão tudo o que desejasse.
Dâmocles insistiu tanto nesse desejo que Dionísio resolveu
revelar-se as angústias do poder. Convidou-o para ser rei por um dia, com
direito a coroa, cetro, banquete e tudo o mais. Mandou, porém, colocar uma
espada em cima do trono, presa por um fio de crina de cavalo.
Dâmocles exultou. Finalmente seu sonho seria realizado.
Vestiu-se com pompa, assumiu a condição de rei e mergulhou no banquete em sua
homenagem. Porém, no meio da festa, levantou os olhos e viu, sobre sua cabeça,
a espada ameaçadora, que poderia a qualquer momento decepa´-lo. Engoliu em
seco, ficou morrendo de medo, mas entendeu nessa hora o que são as angústias do
poder.”
Os Dâmocles modernos estão sempre preocupados. Sentem-se
ameaçados, tendo ou não estabilidade econômica. No trabalho, têm medo de ser
demitidos. No casamento, têm medo de ser traídos ou abandonados. Se são
empresários, têm medo de ser abandonados pelos clientes. Têm medo de que uma
simples gripe se transforme em meningite ou outra doença séria qualquer. Têm
medo de que os filhos adolescentes se tornem viciados em drogas. Vivem sobressaltados
com a possibilidade de acidentes ou ataques cardíacos. E são capazes de se
assustar com o simples soar de uma campainha ou telefone.
Tendem a viver exaustos, pois, além do esforço consumido para
realizar seus projetos, gastam uma enorme energia para aplacar os diálogos
dentro de suas cabeças. O que mais os desgasta são as preocupações. Lutam para
chegar ao sucesso e, quando o atingem, surge a imagem desse sucesso acompanhada
por uma espada sobre a cabeça. A espada é imaginária, mas cria nos Dâmocles a
dúvida que enfraquece seu poder.
Sabe o que é esse medo? É a ausência da fé. Mais cedo ou mais
tarde, o medo acaba destruindo as pessoas, pois, enquanto o amor é o coração, a
fé é a coluna vertebral. É ela que nos mantém em pé, mesmo quando estamos
doentes, em um leito, ou perdidos numa tempestade de problemas. Dâmocles deixou,
contudo, que a espada quebrasse sua fé, pois ninguém o proibiu de retirá-la de
cima de sua cabeça.
Soli Deo gloria
Pastor Flavio Constantino
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