domingo, 2 de setembro de 2018

"EM NOME DE DEUS"




O jornalista mineiro Eduardo Szklarz, autor do livro “NAZISMO: Como ele pode acontecer” diz que as 3 grandes religiões monoteístas – cristianismo, judaísmo e islamismo – pregam a paz, a tolerância, a compaixão e o amor ao próximo. Mesmo assim, elas deixaram suas marcas em guerras e banhos de sangue ao longo da história. Para alguns pesquisadores, uma explicação estaria na própria lógica do monoteísmo: se apenas o “meu” Deus é verdadeiro, os “outros” certamente são falsos – e seus seguidores, infiéis.

O século 20 viu crescer uma devoção militante nas principais religiões, chamada popularmente de fundamentalismo. Apesar das enormes diferenças entre os grupos fundamentalistas, eles geralmente buscam reconduzir sua religião ao caminho “puro e verdadeiro” de seus ancestrais. Por isso, os alvos principais são os seguidores moderados de sua própria crença. Foi o caso dos protestantes americanos que, no início do século 20, quiseram se distinguir dos protestantes liberais e se denominaram “fundamentalistas”. Eles queriam voltar aos fundamentos da tradição cristã, o que incluía interpretar a Bíblia da forma mais literal possível e parar de ensinar a Teoria da Evolução nas escolas – uma campanha que ainda divide os EUA.

Em meu livro "DEUS NÃO DESISTE DE VOCÊ", pontuo que em muitos arraiais cristãos  virou um jargão a palavra “EM NOME DE DEUS” para justificar as mais truculentas, descabidas, covardes e inescrupulosas ações contra seus próprios membros, seja por desconhecimento ou por pura falta de misericórdia.

A questão é uma só: por que aquilo que supostamente evoca a Busca de Deus, gerou e ainda continua gerando tanta morte, medo, perseguição, destruição de culturas, embates seculares entre povos e etnias, rupturas entre irmãos e pais, a produção de toda sorte de preconceito e juízo, e, sobretudo, tanta arrogância por parte de quem supostamente está buscando a Deus?

Entretanto, desde a fundação da crença na Busca de Deus, segundo a Bíblia, as lutas e as disputas homicidas estiveram sempre presentes. A História de Israel está marcada pelo sangue dos que, em nome de Deus, foram mortos pelos seus próprios irmãos; sendo os profetas o maior exemplo disso no passado.

Será essa Busca de Deus uma busca de Deus mesmo ou seria busca do diabo? Porque somente a busca do diabo é que deveria produzir tanta desgraça e destruição.

“EM NOME DE DEUS” Jesus também foi morto pelos Caims que o cercavam. Dos apóstolos, somente João morreu de morte natural e velho. Os demais foram mortos em razão de que aqueles que eram adeptos da busca de Deus incitaram as autoridades contra eles... irmãos contra irmãos.

É “EM NOME DE DEUS” que mais se matou e mata.

Nas palavras do historiador americano Mark Juergensmeyer, da Universidade da Califórnia, a linguagem religiosa tem o poder de “trasladar o conflito humano a uma dimensão cósmica”. Traduzindo: no dia-a-dia, não matamos gente; mas, se Deus ordena, podemos. Nesse caso, a violência não seria um ato selvagem, mas o cumprimento da vontade divina.

O escritor Francês Villiers de I’Isle – Adam narra em “La Torture par esperance” (1883) que:

“No século XVI, em Saragosa, na Espanha, um rabino apodrecia em um fundo de masmorra, torturado pelo Santo Ofício para que abjurasse de sua fé. Um irmão dominicano, terceiro Grande Inquisidor da Espanha, seguido de um torturador e de dois familiares, vem lhe anunciar, com os olhos em lágrimas, que “sua correção fraternal terminou”: ele subirá no dia seguinte à fogueira com outros quarenta hereges como ele e deve recomendar sua alma a Deus.

Pouco depois dessa visita, o prisioneiro nota que a porta da prisão está mal fechada: não ousando acreditar, ele a abre com hesitação, percebe um vasto corredor fracamente iluminado por tochas. Ele se arrasta pelo chão, apavorado com a ideia de ser descoberto. Após se arrastar durante longos minutos, sente uma corrente de ar sobre as mãos e nota diante de si uma pequena porta.

Levanta-se, empurra-a. Ela cede em esforço e se abre para um jardim perfumado de limoeiros. A noite é magnífica, pontilhada de estrelas.

O rabino, cansado mas com o coração cheio de esperança, acredita que foi libertado. Já se vê escapulindo em direção às serras muito próximas, respira deliciado o ar da liberdade.

De repente, dois braços surgidos da sombra o abraçam e ele se encontra colado no peito do Grande Inquisidor. Este último, em lágrimas e com um ar de bom pastor recuperando sua ovelha desgarrada, lhe sopra ao ouvido com um hálito fétido em virtude do jejum: “Então, meu filho, justo na véspera de sua possível salvação, você estava querendo nos deixar’”.

O recado do poeta francês foi claro: as opressões em nome do amor são as mais cruéis. Discursos melosos podem encobrir maldades inomináveis.

Infelizmente, o espaço religioso proveu, e ainda provê, oportunidade para que homens e mulheres dessem vazão ao que há de mais sórdido. Durante todo esse período de ministério vi pessoas fazendo e falando muitas aberrações "calcadas" no jargão "EM NOME DE DEUS", vi casamentos sendo feitos e outros sendo desfeitos, vi pessoas vivendo temerosas porque a profeta disse "EM NOME DE DEUS" que ela iria morrer pelo fato de não estar vivendo como pretensamente o Senhor gostaria. Vi pessoas vivendo infelizes por que "EM NOME DE DEUS" viviam traumatizadas achando-se que estavam vivendo debaixo da graça de Deus. Jesus viveu intensamente o seu ministério denunciando isso. Alguns têm energia para correr meio mundo e fazer um convertido. Mas, só para torná-lo réu de um inferno duplamente aquecido. Não é preciso voltar dois séculos para constatar isso. A presente geração está cada vez mais cheia de gente parecida com o Grande Inquisidor. Gente que "EM NOME DE DEUS" tem transformado a vida de muitos incautos um verdadeiro inferno.

Segue a pergunta que não pode parar de ecoar em nosso coração:
COMO PODE ALGUÉM MATAR EM NOME DO DEUS QUE ESCOLHEU MORRER?

Que Deus tenha misericórdia de nós.


Soli Deo Gloria
Flavio Constantino

2 comentários:

  1. Não creio ser Deus o erro, meno ainda a religião. o problema sempre foi o homem. Olhe para o comunismo e verá Deus ausente, mas a morte muito bem presente!
    O homem é o mal e usará qualquer coisa pra justificar suas atitudes, inclusive DEUS.

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