domingo, 25 de julho de 2010

A Teologia do Século 19 (parte II)


Naturalmente, quanto maior o espaço de tempo entre Jesus e a produção dos escritos do Novo Testamento, tanto mais fácil é dar uma explicação “racional” da origem da Igreja. Foi afirmado, portanto, que as partes mais recentes do Novo Testamento originaram-se não do primeiro século, mas do segundo. Baur baseou-se a religião cristã na razão do homem. Conforme Baur, realizaram-se três fases na história da Igreja primitiva: o cristianismo judaico(“tese” de Hegel), o cristianismo gentílico universalista (a “antítese”) e a Igreja Católica Antiga (a “síntese”). A primeira fase (petrina) representa-se pelo evangelho de Mateus e pelo Apocalipse; a segunda (paulina) por Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas (as quatro cartas “legitimas de Paulo) e Lucas; a terceira por Atos e João. Assim a mensagem do Novo Testamento foi modificada conforme princípios racionais.

Depois de 1860, houve mais teólogos tentando basear a religião cristã nas necessidades morais do homem. Claro, tal relação daria mais base para a proclamação do pecado e da graça. Neste grupo, destaca-se o nome de Albrecht Ritschl (1822 – 1889). Ritschl tentou basear a religião cristã nas necessidades morais.

Conforme Ritschl, o problema do homem é defender sua personalidade contra a natureza impessoal (estamos aqui no período naturalista do século 10). A revelação divina em Cristo é o único poder que pode garantir e salvar nossa personalidade. A verdade desta revelação é conhecida na experiência do seu valor redentor. Pois Cristo tinha o alvo moral mais compreensivo: o Reino de Deus como a comunhão de personalidades livres, dominando o mundo. O propósito de Ritschl foi basear a religião cristã nas necessidades morais do homem.

Por sua fidelidade à sua vocação, Cristo é reconhecido, pela personalidade moral, como a revelação de Deus, e bem pode ser considerado divino.

Parece que Ritschl foi mais bíblico do que Schleiermacher; muitos acharam que com ele, a ponte sobre o abismo entre a Bíblia e o homem moderno finalmente tinha sido lançada. Mas o fato é que a reconhece aqui porque ela nos diz o que já sabíamos pelo próprio interesse moral.

Adolfo Von Harnack (1851-1930), aluno de Ritschl, afirmou que o profeta Jesus pregara a paternidade de Deus e o valor infinito da alma humana (o credo do”liberalismo”); o Reino de Deus realiza-se na alma do homem, determinando sua vida toda. Neste período, a velha ortodoxia também colocou o homem (piedoso, neste caso) no centro, ao basear a revelação nele em vez de basear sua fé na revelação.

Estes teólogos do século 19, que queriam lançar ponte entre a Bíblia e o homem moderno, perderam muita influência no fim do mesmo século: o abismo foi considerado, na época do naturalismo, largo demais. Elaborou-se em seu lugar a teologia histórica-critica: o que a Escola de Tubingen tinha feito com o Novo Testamento foi feito a respeito do Velho Testamento por Julius Welhausen e outros. Conforme estes, a religião de Israel desenvolveu-se de um politeísmo (crença em vários deuses) para um monoteísmo (crença em um só Deus) moral; os israelitas, no fim, tinham afirmado que este último tinha sido a situação original. A fé bíblica, então, foi considerada o produto de uma evolução natural. Assim foi considerada a fé bíblica por alguns teólogos no fim do século 19.

Talvez não seja de se admirar que os teólogos nesta época pensaram em termos de uma evolução natural. Em vez de ser baseada numa revelação divina, a religião bíblica foi considerada o simples produto de uma evolução natural.

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