Desistir do bem é algo muito fácil neste mundo. Os salmos 37 e 73 nos mostram o processo. Quando quem lidera ou tem poder faz o que é mal, os demais perdem o ânimo. Então, o justo, na modéstia de seus passos, vai perdendo o alento. E, aquele que caminha sem tanta convicção, passa a invejar aquele que faz, faz, faz e nunca é punido; antes, é honrado.
A leitura do livro do Eclesiastes é mais que útil em dias como estes!
Quando o status do cinismo prevalece, as reações são muitas; e sutis. Desde o cinismo que se instala como câncer, à inveja que o ser bom passa a ter do mal-feitor — tudo corre como as torrentes de águas destruidoras.
E o mal se torna tanto pior quanto mais se fale como cordeiro e se haja como o lobo. Daí a perversão do “ético” ser enormemente pior do que a do corrupto; pois destrói todas as referencias. No linguajar bíblico: “... remove os marcos”.
Isto sem falar nas vozes que olham para os céus e pensam que Deus enlouqueceu com a loucura dos malfeitores; ou que Deus mesmo não se preocupa com tais coisas.
“De que me serve Deus?” — pergunta a alma cansada.
Frequentemente tem-se que escolher entre poderes. E, nesse caso, a eleição para tal escolha deve contemplar, sobretudo, o fortalecimento daquilo que não abisma a alma nacional em estado de cinismo crônico.
E isto vai de atitudes pequenas, no âmbito de nossas vidas pessoais, passa pela “igreja” e vai até o Estado.
De onde vem o ânimo para a honestidade quando os que nos lideram mentem e enganam?
O argumento de que "rouba mais faz", aplicado ao Maluf, agora é algo que se aplica em geral. Até em relação ao Lula e Bolsa-Família-no-Bolso. Pode? Até quando?
Eleger um programa de governo para votar, é sábio. Mas não se pode fazer isto à custa da instalação do cinismo na alma nacional. Do contrário, os pobres comerão, mas será comida envenenada pelo sarcasmo. E o pão de hoje será o veneno de amanhã.
Portanto, nem só de pão vive o homem, mas, sobretudo, de dignidade, confiança, respeito, e honestidade.
Entretanto, quem divulga tais causas, não pode brincar de fazê-las menores; e nem tampouco pode fazer como o Conde fez nas disputas com o César Maia há uns quatro anos, quando disse: “Eu minto; mas o César mente mais que eu!”.
Não se governa fazendo avaliação de menos roubo!
O programa Bolsa Família não pode ser Família no Bolso! — o Lula repudiaria isto se o programa não fosse parte de sua estratégia política. E eu sei o que estou falando; e baseado em horas e horas de conversa com ele mesmo no passado.
Sim! O Lula que eu conheci não votaria em si mesmo hoje! — é simples assim.
Isto era contra tudo o que as mentes historicamente mais lúcidas lutavam — até virar populismo eleitoral em favor deles.
Ah! Eu teria centenas de histórias e argumentos, mas, cansado de muitas “viagens”, apenas ouso dizer: “Que o Senhor nos salve de alimentarmos milhares de famílias, enquanto lhes roubamos as almas e a consciência!”.
Assim como o pão e a Palavra alimentam o homem, do mesmo modo o pão e a dignidade também o fazem!
Enquanto isto... Recolher-me-ei; e buscarei agir pelo não-agir. Quieto. Em oração. Afinal, eu creio que Deus é Deus; e que sobre tudo e todos reina; e que o que sinto é somente o que sinto; e nada, além disso.
Todas as nossas causas e clamores estão diante do Trono da Graça!
Cada um com sua própria consciência e discernimento. Mas Deus é um!
O que não podemos é deixar de discernir o que para nós é vampiro de sangue coletivo. Pois, em trocando beijos com tais entes, nós mesmos passaremos a detestar o nascer do dia, do sol e da luz — visto que nosso ambiente será a penumbra da quase-luz e da quase-treva.
Com todo carinho, reverência e oração por quem pensa e sente diferente,
Autor: Caio Fabio
Fonte: http://www.caiofabio.net/
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