Após convenção do partido, a duas semanas do pleito, verde decide não apoiar nenhum dos dois candidatos à Presidência
Rio - Terceira colocada na eleição presidencial, com quase 20 milhões de votos, a candidata Marina Silva (PV) decidiu ontem que vai manter o que classificou de “posição independente” no segundo turno. Em convenção do partido realizada ontem, em São Paulo, Marina leu uma carta aberta aos dois presidenciáveis, José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), em que elogia a convivência política que manteve com eles. O Partido Verde vai acompanhar a posição tomada por Marina.
Marina criticou a “dualidade que existe na política desde a monarquia”, e definiu seu posicionamento como a melhor forma de ajudar o povo brasileiro.
“O fato de não ter optado por nenhum lado não mostra neutralidade”, disse Marina. “Me sinto muito feliz, aos 52 anos, de ter uma posição de independência e utopia”, definiu, dizendo ainda que o PT e o PSDB se deixaram capturar pela lógica do embate na disputa política nacional.
A plenária do PV votou e apoiou a posição de Marina Silva. Das 92 pessoas habilitadas a votar na convenção do partido, quatro se manifestaram a favor de que o partido apoiasse alguma candidatura no segundo turno das eleições. A convenção durou três horas e nenhum partidário do PV defendeu abertamente a posição de apoio a um dos dois candidatos do PT ou PSDB.
Os quatro votos favoráveis foram o do secretário municipal do PV da Prefeitura de São Paulo, Eduardo Jorge, da presidente estadual do PV no Espírito Santo, Sidnéia Fontana, do secretário municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida da Prefeitura de São Paulo, Marcos Belizário, e um militante do partido que não foi identificado.
Com a decisão, os militantes que decidirem manifestar apoio à petista Dilma Rousseff ou ou ao tucano José Serra não poderão utilizar símbolos do PV ou falar em nome do partido. Dirigentes e diretórios nacionais e estaduais do PV estão proibidos de declarar o voto nas eleições ou se manifestar a favor ou contra algum candidato.
Gabeira, no entanto, que já declarou seu apoio a José Serra, pode fazê-lo porque não é dirigente do partido, assim como outros membros que não ocupem posição de liderança, casos de Gilberto Gil e Zequinha Sarney.
No Rio, onde Marina Silva teve um de seus melhores desempenhos na eleição, vários artistas e intelectuais já decidiram em quem vão votar no segundo turno. É o caso da atriz Betty Lago, que vai votar em José Serra, e o músico e produtor cultural Nano Ribeiro, eleitor de Marina no primeiro turno, e que agora escolheu Dilma.
Eleitores de Marina eram de grupos bem distintos
Segundo o cientista político e sociólogo Antonio Lavareda, a decisão de Marina Silva e do Partido Verde não terá impacto imediato no eleitorado, que deverá ser conquistado na reta final do segundo turno.
“A posição da Marina e do partido não afeta intenções de voto nesse momento. É provável que o contingente do eleitorado dela siga o caminho da pesquisa em que José Serra tomava uma dianteira sobre os votos da Marina”, aposta ele, referindo-se à pesquisa feita pelo Datafolha a pedido da Folha de S. Paulo e da TV Globo há uma semana.
De acordo com os dados, o candidato do PSDB herda 51% dos quase 20 milhões de votos obtidos por Marina. “Havia 20 % de eleitores dela indecisos, e eles, a partir de agora, interessam diretamente ao Serra, que se conseguir conquistá-los, ficará empatado com a Dilma Rousseff (PT)”, diz Antonio.
Para o diretor-executivo do Vox Populi, João Francisco Meira, é difícil que o eleitor de Marina se comporte de ‘maneira homogênea’ na hora de votar. “Os eleitores dela eram divididos em dois grupos bem distintos: os que acompanhavam sua agenda verde e outro, formado por um eleitor mais conservador, politizado, sensibilizado por questões como a corrupção e o aborto. Esse último, cerca de 40% devem apoiar o Serra, e o primeiro grupo, a maioria, deve votar na Dilma”, analisa João Francisco.
Fonte: http://www.odia.com.br/
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