Jesus anuncia que o Reino de Deus, este reino que todos esperaram, está às portas. O mundo presente de miséria chega a seu fim. Esta irrupção é o definitivo “sim” de Deus à história.
Ao contrário de João Batista, portanto, Jesus prega o Reino de Deus como boa noticia. Deus rompe sua simetria de estar ao mesmo tempo distante e próximo, de ser justiceiro e misericordioso, e se aproxima em graça. Mas isto, naturalmente, ainda não nos dá nenhuma noticia do que será o Reino de Deus em si mesmo quando este acontecer em plenitude, quando realmente o mundo presente chegar a se fim. E isto, pela simples razão de que não chegou, como o próprio Jesus reconhece na frase de Marcos 13.32. A discussão aqui versa sobre dois pontos: a) se com Jesus já chegou definitivamente o Reino, ou não chegou em absoluto, ou- na famosa solução de O. Cullmann – já chegou, mas ainda não. Trata-se, portanto, do caráter temporal do reino. O outro ponto em discussão versa sobre; b) se o Reino de Deus é pura obra de Deus para Jesus ou ação do homem. Trata-se, portanto, do caráter gratuito do Reino.
À luz do Novo Testamento, fica a impressão de que Jesus pensou na próxima vinda do Reino, provavelmente durante a sua vida ou no final dela. O Reino, pois, não estava totalmente presente com sua primeira vinda; e, contudo, pregou para o presente algo já último. Também Jesus concebe o Reino como dom de Deus; e, contudo, agiu de uma forma determinada durante sua vida. Isto nos leva a afirmar que, a partir da vida real de Jesus, presente e futuro, dom divino e tarefa humana reconciliam-se. E deste ponto de vista, o que Jesus oferece como escatológico e último é viver na proximidade do Reino de Deus. Ou seja: o que há de liberdade nele, o que há de histórico e de transcendente, são todas perguntas que encontram uma resposta na medida em que se aceita o chamamento de Jesus: “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mt 8.34). Isto porque o seguimento de Jesus é o lugar de toda epistemologia teológica – cristã, e por isso é também o lugar de compreender a escatologia. A tensão pensada entre dom de Deus e tarefa humana dissolve-se a partir do seguimento de Jesus. Pois a graça é experimentada não só como os novos ouvidos para ouvir a boa nova, mas também e além disso como plenitude da graça – como mãos novas para fazer uma história próxima do Reino. A tensão pensada entre presente e futuro do Reino é experimentada como esperança que não morre. Na práxis do amor e da justiça sabe-se que o Reino se aproxima, se faz presente; e na práxis conflitiva no meio do pecado do mundo, mantém-se a esperança no futuro de Deus.
O que o seguimento de Jesus permite é, então, viver uma realidade, tornar realidade um Reino que se aproxima, a partir do qual, ao menos com esperança, adquire sentido uma realidade última. Que no final “Deus seja tudo em todos” (1C0 16.28) só podemos formulá-lo a partir do trabalho sério e humilde, para que no presente Deus esteja um pouco no nosso mundo.
Isto nos parece importante para que a igreja questione hoje sua relação com o Reino de Deus. Não basta repetir rotineiramente – embora já se seja pouco estar convencido disto – que a igreja não é o Reino de Deus, mas sua servidora; que nesta tarefa a igreja não deve caminhar sozinha, mas aprender de todos os homens de boa vontade que objetivamente também servem a proximidade do Reino, e até se adiantaram a nós.
O que a igreja deve fazer positivamente é colocar-se naquele lugar a partir do qual se ilumine sua tarefa concreta a realizar numa determinada época: o seguimento de Jesus. E a partir daí aprender a valorizar sua missão; sem apelar apressadamente para a apocalíptica, isto é, a plenitude não sabida, ignorando e menosprezando o presente histórico; e seguindo antes o caminho profético de Jesus.
Olá amigo e companheiro,
ResponderExcluirPr. Flávio Constantino,
A Paz do Senhor!
Obrigado por trazer edificante tema para nossa reflexão.
Parabéns!
Um grande abraço!
Seu conservo n'Ele,
Pr. Carlos Roberto
Querido Pastor Carlos Roberto,
ResponderExcluirA Paz do Senhor,
Eu é que fico bastante agradecido pela ilustre visita do irmão por aqui.
Um grande abraço,
No Amor de Cristo,
Pastor Flavio Constantino