Fica difícil estabelecer uma causa plausível para o fato de se achar tão raquítico entre os evangélicos o estudo sobre o Reino de Deus, tema que foi levado tão a sério por Jesus por todo tempo do seu ministério, chegando a se transformar na realidade última da sua vida – pois as causas são várias:
Uma diz respeito ao próprio fato da ressurreição. A ressurreição de Jesus foi evento tão empolgante que deixou à sombra os demais. As primeiras comunidades cristãs viviam intensamente a alegria do triunfo de Jesus sobre a morte.
Uma segunda causa, ligada à primeira, foi a expectativa da próxima vinda de Jesus. A parusia era tida como acontecimento iminente. A história, conforme entendiam os primeiros cristãos, chegara ao seu término.
Uma terceira causa do esquecimento do projeto do Reino provavelmente tenham sido as perseguições que feriram as comunidades cristãs dos três primeiros séculos. Em Jerusalém os inimigos de Jesus perseguiram os seus seguidores. Tiago foi morto à espada por ordem de Herodes. Estevão, o primeiro mártir, morreu apedrejado. João e Pedro foram encarcerados. Em toda a vastidão do Império romano, sucessivas perseguições foram desencadeadas por diferentes motivos. Logo a expectativa do martírio ocupava plenamente o coração dos seguidores de Jesus, constantemente desafiados a darem testemunho de sua fé com a própria vida.
Uma quarta causa radica na cultura grega dominante nos primeiros anos do cristianismo. Tivera este sua origem próxima em plena Pax Romana de Augusto, Roma era a dominadora dos povos. A Grécia, porém, reconhecidamente detinha a hegemonia do intelecto, das artes e das lucubrações filosóficas. Ou seja: o mundo todo encontrava-se à mercê do domínio político de Roma e sob a hegemonia cultural da sábia Hélade. A fuga do mundo, o refúgio da fé num intimismo verticalista com desprezo profundo pela realidade material seria campo propicio ao desligamento da fé de sua dimensão telúrica.
A quinta e última causa do esquecimento do Reino foi que a fé desligou-se da historicidade. A igreja, que nos três primeiros séculos havia sido um movimento fortemente impregnado da história da salvação, durante o império de Constantino Magno assume-se como instituição, passando à tutela milenar de imperadores e reis. Perdido o senso de horizontalidade, a fé entrou a ser vivida de forma abstrata, a –histórica, intemporal, desvinculada do mundo. E a promessa do reino ficou reduzida a esperança escatológica, acontecimento futuro.
O homem da cristandade, de tanto olhar para o céu, esqueceu a terra. O verticalismo do relacionamento Deus-homem obliterou o seu compromisso com a humanidade. Mas é de João, o apóstolo, a pergunta : “Como podes amar a Deus que não vês, se não amas o próximo que vês?” No entanto, a justiça foi sendo substituída pela caridade e esta traduzida, não raro, em mero assistencialismo.
Como o mundo é “mau”, instalou-se uma religiosidade-fuga-das-vicissitudes-do-mundo. O refúgio na transcendência fez da religiosidade “ópio”. A visão intimista e absenteísta da fé teve reflexos no próprio agir concreto dos cristãos.
Paz do Senhor Jesus Pr. Flávio, muito obrigado por visitar nosso blog MISSIOBOL e pelo comentário. Parabéns pelo seu blog. Como vai o programa missionário em sua igreja? Aqui seguimos firmes na batalha e cremos que "o mar vai se abrir" para a Palavra fluir para o meio dos MM. Um abraço e contamos com seu apoio.
ResponderExcluirOlá Pr. Flávio Constantino,
ResponderExcluirA Paz do Senhor!
Parabéns pela excelente exposição da matéria.
Deus continue abençoando sua vida e ministério, de tal forma que continuemos a ser brindados com suas reflexões.
Um grande abraço!
Seu conservo,
Pr. Carlos Roberto