quarta-feira, 9 de junho de 2010

Quando a Oração se Torna uma Batalha Espiritual




“ E contou-lhes também uma parábola sobre o dever de orar sempre e nunca desfalecer, dizendo: Havia numa cidade um certo juiz, que nem a Deus temia, nem respeitava homem algum. Havia também naquela mesma cidade uma certa viúva e ia ter com ele, dizendo: Faze-me justiça contra o meu adversário. E, por algum tempo, não quis; mas, depois disse consigo: Ainda que não temo a Deus, nem respeito os homens, todavia, como está viúva me molesta, hei de fazer-lhe justiça, para que enfim não volte e me importune muito. E disse o Senhor: Ouvi o que diz o injusto juiz. E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles? Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça. Quando, porém, vier o Filho do Homem, porventura, achará fé na terra?” (Lc 18. 1-8)


Introdução:

Esta parábola nos ensina o lado difícil da oração: o das perguntas não respondidas, dos apelos não atendidos, das súplicas não ouvidas, dos problemas não solucionados e o da fé aparentemente não correspondida. Isto, porque, nada fragiliza tanto uma pessoa do que a ausência de manifestação de Deus nas suas orações.

Sem dúvida, este é o lado mais conflitante da oração, o lado das dúvidas incessantes, das agonias amargurantes, das imaginações remediantes e das previsões impressionantes, em razão da demora, do “atraso” e do silêncio de Deus.

Ora, quem é que não duvida em tempo de perplexidade? Quem é que não se desespera diante de uma iminente tragédia? Quem é que não suspira todo tempo em meio a uma situação de desespero? Quem é que não deixa sua imaginação criar asas quando está sem saída? Quem é que não faz as suas previsões, no estilo Hollywood, para dar solução a uma situação traumática?

Todavia, Jesus nos alerta para a realidade de que a demora de Deus é aparente, já que Ele está sempre pronto a dar fim a nossa história de dor, desespero e sofrimento (Lc 18.7).

A semelhança da parábola do “amigo importuno”, que está dentro do contexto da oração do “Pai Nosso”, que nos revela a bondade de Deus e um Pai amoroso para com os seus filhos. A parábola do “juiz iniquo” está dentro do contexto da segunda vinda de Jesus, que será marcada por sinais de indiferença e apatia espiritual, como nos dias de Noé e de Ló (Lc 17.26-29), pelo fato de representar uma época bastante hostil e desesperadora para a Igreja, que se vê em uma situação de iminente perigo de ser vencida, em razão de suas expectativas e anseios não serem aparentemente correspondidos (Lc 18.8).

Orando Contra a Injustiça:

Nesta parábola, Jesus retrata a Igreja na imagem indefesa, frágil e discriminada de uma viúva – uma das figuras mais desfavorecidas do Novo Testamento.

Aquela viúva, não obstante ser vitimada por uma sociedade extremamente preconceituosa, luta sob a bandeira do tudo ou nada: Insiste, persiste, perturba, molesta, reivindica, vai para cima do juiz com decisão e determinação, à procura de ver o seu caso solucionado.

O cápitulo 8 de Apocalipse nos diz algo forte e extremamente revolucionário sobre o poder da oração. Nos versículos 1-5 “E, havendo aberto o sétimo selo, fez-se silêncio no céu quase por meia hora. E vi os sete anjos que estavam diante de Deus, e foram-lhes dadas sete trombetas. E veio outro anjo e pôs-se junto ao altar, tendo um incensário de ouro; e foi-lhe dado muito incenso, para o pôr com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que está diante do trono. E a fumaça do incenso subiu com as orações dos santos desde a mão do anjo até diante de Deus. E o anjo tomou o incensário, e o encheu do fogo do altar, e o lançou sobre a terra; e houve depois vozes, e trovões, e relâmpagos, e terremotos”. Aí se diz que as orações dos santos são elemento essencial nas grandes decisões da história.

O comportamento dessa indefesa viúva de reagir a todos os contrários e opostos de uma situação aparentemente impossível, apenas vem confirmar que o melhor remédio para dar fim a um estado de injustiça é orar decisiva e tenazmente para o seu fim.

É impressionante que o capitulo 8 de apocalipse nos diz que há poucas coisas mais eficazes para serem feitas a favor da história do que orar. E aqui diz que essas orações podem ser respondidas com a fisionomia daquilo que não parecem ser respostas de orações. Porque as orações dos santos não obtêm como respostas o revederjamento das florestas e dos campos; o nascimento das flores e o surgimento da paz na terra, mas aqui está dito que a resposta de Deus às orações dos santos são trovões, vozes, relâmpagos e terremotos que deflagram um processo de intensificação do juízo de Deus na história, acelerando o fim.

Orando Quando Não Há Respostas:

O mais difícil no exercício da oração é exatamente quando há ausência de manifestação divina contra ou a favor.

A viúva desta parábola não dava um instante sequer de trégua àquele juiz, e cada vez dilatava a possibilidade de ele lhe dizer sim. Para a protagonista desta parábola, somente o sim lhe servia como resposta. Para tanto, entregou-se inteira e completamente à esta luta.

Exatamente acontece o inverso conosco. Quase sempre nos apresentamos a Deus sem a santa ousadia do tudo ou nada; do vencer ou vencer. Aliás, somos profundamente cerimoniosos nessas questões. Rotineiramente, ajoelhamos, falamos algumas palavras da nossa cartilha de oração, levantamos, e tudo continua na mesma; nada muda. Parece até que a gente não faz a mínima questão de que as coisas aconteçam de forma diferente. A causa disto, muitas vezes, é o medo de não ser correspondido e de estar torcendo o braço de Deus. Mas orar no contexto do tudo ou nada não é orar no Oba! Oba! De um momento, mas é orar por causas absolutamente justas, entendendo que só a vitória serve nessas ocasiões.

Estamos ouvindo tanto a nossa voz na oração que não sabemos distinguir o que é a nossa voz e o que é a voz de Deus. Por isso, respostas duvidosas, incertas, aparentes, devem ser incisivamente rejeitadas como sendo de Deus. Não podemos ficar interpretando como sendo de Deus aquilo que faz parte da nossa imaginação, previsão e desejo. Não confundamos vontade de Deus com os nossos desejos. Deus é Deus e não precisa ser ajudado pelas nossas respostas fabricadas, forjadas, ajeitadas, decalcadas. A voz de Deus é incomparável, inconfundível, inigualável e inimitável.

A preocupação do Filho do Homem ao contar essa parábola, é com a real possibilidade da Igreja, premiada pela angustia e desespero da ultima hora, deixar de crer no futuro triunfo do reino de Deus. Razão por que faz a ponderação no fim da parábola: “Quando, porém, vier o Filho do Homem, achará fé na terra?”
Não se pode orar por menos do que isso: vencer ou vencer.

Os Desafios na Oração:

O próprio Jesus reconhece que orar em circunstâncias de pressão e dificuldade é extremamente desafiador.

A oração que configura como um desafio à nossa fé, tem sempre mais eficácia do que a comum, a do dia-a-dia. Aliás, parece que é assim que oramos bem (1Rs 18.36-39).

As palavras “...sem esmurecer” (v.1) significam literalmente “ceder ao mal” no sentido de acovardar-se, de perder o ânimo ou de comportar-se de maneira indevida. Ou seja: desanimar, desistir por causa do poder de um mal circundante.

Oramos muito e perseveramos pouco. Porque oramos sobre muita coisa de uma só vez e acabamos não tendo resposta de nenhuma das nossas orações. O que estou tentando dizer é simples: a perseverança na oração não é orar orando, mas é orar especificamente por uma situação até que ela seja resolvida.

Deus muitas vezes adia as respostas às nossas orações a fim de que nossos motivos sejam devidamente depurados. Outras vezes Deus demora a nos responder para que o nosso desejo seja intensificado, e assim a busca possa ser mais apaixonada. É possível que somente por meio de uma busca tão apaixonada assim é que a maldade do mundo possa ser vencida.

Pois a arma da paciência, acrescentada à fé, torna-se força irresistível.


Conclusão:

Podemos cobiçar respostas imediatas, fáceis e baratas, que nada tenham em si mesmas senão alguma vantagem ou conforto egoístico, quer para a mente, quer para o corpo. A vida, entretanto, é uma escola, e muitas lições de amor e de sofrimento precisam ser aprendidas ainda. O sofrimento torna a alma mais profunda, e o propósito central desta existência terrena é justamente aprofundar a alma. Talvez desejamos usar a oração como se fora a chamada “lâmpada de Aladim”, mas Deus estabeleceu outras regras para a resposta às nossas orações.

Não esqueçamos que o lar se torna mais querido quando a viagem de volta ao mesmo é mais longa e acidentada, assim também o resultado final da oração é mais precioso quando lutamos a fim de obtê-lo.

Um comentário:

  1. Olá meu irmão Josiel,

    A Paz do Senhor,

    Alegria é toda minha, pode ficar certo que já estou seguindo o teu blog.

    Um grande abraço,

    No Amor de Cristo,

    Pastor Flavio Ferreira Constantino.

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